“Nem sei qual a cor da dor de ser mais um rosto que mente”, admite Sandy em verso da balada Mais um Rosto, uma das 13 faixas autorais de seu primeiro disco solo, Manuscrito, nas lojas a partir desta sexta-feira, 7 de maio de 2010. Sem romper com seu passado musical, a artista mostra alguma evolução neste primeiro trabalho fora da linha infanto-juvenil. O CD exibe boa arquitetura instrumental, urdida pelos produtores Lucas Lima e Junior Lima – o marido e o irmão da cantora, respectivamente – com diversificado naipe de cordas (ukelele, banjo, bandolim, violinos, cellos) e teclados vintage. O que impede Sandy de alçar voo maior é uma (provável) falta de disposição para buscar no mundo outras parcerias e vivências que expandissem os limites de seu mundo musical. Em Esconderijo, a boa faixa de um minuto e três segundos que esboça clima mais denso e instrospectivo ao fim do álbum, a compositora retrata um menino-homem trancafiado em seu quarto escuro – metáfora para alma – com medo do mundo. Talvez a própria Sandy – vista como uma princesa do pop – esteja precisando sair desse quarto para experimentar as dores do mundo. Aliás, de certa forma, é como se ela tivesse escrito em Manuscrito um diário de princesa, com lampejos de questionamentos mais adultos, mas (ainda) sem a densidade que seria esperada de um disco de tom confessional. Sandy parece não ter saído do lugar mesmo quando contatou em Londres a cantora e compositora britânica Nerina Pallot, parceira e convidada de Dias Iguais, balada forrada com piano. Mesmo sem dar o esperado salto estilístico que poderia posicionar Sandy definitivamente num mundo musical adulto, ManuscritoDedilhada. Pés Cansados – a faixa eleita para promover o disco nas rádios, TVs e internet – traduz com fidelidade o tom calmo do disco. A única faixa mais diferente é Quem Eu Sou, tema pop que tangencia o universo do rock. É fato que a voz de Sandy se afasta um pouco do tom infantilizado, mas sem estar em total sintonia com a entrada da artista no mundo adulto. Quanto à safra de 13 inéditas, quase todas foram compostas em parceria com Lucas Limas (com três eventuais adesões de Junior). Sandy assina sozinha apenas duas faixas, O Que Faltou Ser e a já citada Esconderijo. O que justifica a falta de fôlego percebida na segunda metade do álbum. Tempo e Ela / Ele soam bem mais inspiradas do que Perdida e Salva e Tão Comum, por exemplo. Trabalho extremamente íntimo e pessoal, Manuscrito deixa a (boa) impressão de que Sandy não procurou impressionar a crítica para tentar alcançar um status que ainda lhe é negado por conta do imenso sucesso popular alcançado com a dupla formada com Junior. Nesse sentido, o disco soa bastante digno, honesto e verdadeiro. E cabe ao tempo responder se Sandy vai conseguir firmar ou não seu estilo e seu som no mundo adulto. soa coerente com a trajetória da artista ao expor coleção de baladas que, por vezes, tendem para o folk, caso da boa
Fonte: Blog Mauro Ferreira
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